“IURISPRUDENTIA” VERSUS “CIÊNCIA DO DIREITO”: O FIM DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO/CODIFICAÇÃO DO DIREITO É CONDIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA DO JURÍDICO?

Eduardo Vera-Cruz Pinto

Resumo


Hoje as constituições e os códigos continuam a ser identificados com o Direito. A codificação, pela sistematicidade normativa que possibilita, aparece na base da construção do Direito como uma ciência. Ora, além do anacronismo, a sistematicidade/cientificidade do Direito nega a sua raiz/matriz romano-clássica (iurisprudentia), antes da deriva estóica/retórica (Cícero) e didáctica (Gaio) do ius Romanum ter levado à sua codificação e uniformização imperial. O Direito jurisprudencial romano mostra que o sistema não é “a forma específica do ser do Direito” (não é inerente à ideia de direito). Os jurisprudentes são essencialmente práticos, no sentido que a sua meta é a de arranjar soluções justas para resolver conflitos.

Palavras-chave


Ciência do direito; Fim; Constitucionalização; Codificação

Referências


AA. VV. A Civilização Latina. Dos Tempos Antigos ao Mundo Moderno, Lisboa, Dom Quixote, dir. Georges Duby, 1989 (Civilisation Latine, Olivier Orban, 1986).

AA. VV. Derecho, Persona y Ciudadania. Una experiencia jurídica comparada, Coord. Bernardo Periñán Gómez Madrid, Marcial Pons, 2011.

AA. VV. Diritto Positivo e positività del Diritto, org. G. Zaccaria, Giappichelli, Turim, 1991.

AA. VV. La Polemica sulla Codificazione, org. G. Marini, Esi, Nápoles, 1982.

AA. VV. Lo Stato di Diritto. Storia, teoria, critica, org. P. Costa e D. Zolo, Milão, Feltrinelli, 2002.

AA. VV. Codici. Una riflessione di fine millennio, Atti dell’incontro di studio, Firenze, 26-28 octubre de 2000, org. P. Capellini e B. Sordi, Milão, Giuffrè, 2002.

Martim de Albuquerque, “Santo António, O Direito e o Poder”, in Estudos de Cultura Portuguesa, 2º Volume, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, s.d., p. 11-34.

G. Alpa, L’Arte di Giudicare, Laterza, Roma-Bari, 1996.

Ayiter, Systematiches Denken, .., p. 21.

Zygmunt Bauman, Legisladores e Intérpretes. Sobre la modernidad, la posmodernidad y los intelectuales, trad. espanhola de Horacio Pons, Universidad Nacional de Quilmes Editorial (1997), reimpressão de 2005.

António Marques Bessa, Quem governa? Uma análise histórico-política do tema da elite, Lisboa, ISCEP, 1993.

Emilio Betti, “Diritto Romano e dogmatica odierna”, in Archivio giuridico, XCIX, 1928.

Emilio Betti, “Problemi e criteri metodici d’un manuale d’istituzioni romane, in B.I.R.D., XXXIV, 1925, p. 238 e ss.

Biondi B., La ciência jurídica como arte de lo justo, Valladolid, 1951, p. 19 e ss.

Biondi B., Obietto e metodi…, p. 141 e ss.

António José Brandão, Sobre o conceito de Constituição Política, Lisboa, 1944.

Mario Bretone, Diritto Romano e Coscienza Moderna. Dalla Tradizione alla Storia, Marcial Pons, Madrid, 2011.

Georges Burdeau, Une survivance: la notion de Constitution”, in L’Évolution du Droit Public. Études en Honneur d’Achille Mestre, p. 53 e ss.

Claus-Wilhelm Canaris, Pensamento Sistemático e conceito de Sistema na Ciência do Direito, 5ª ed., Lisboa, 2012

Cornelius Castoriadis, História e Criação. Textos Filosóficos inéditos (1945-1967), trad. port. Manuel Gomes, Antígona, Lisboa, (2009) 2013.

P. Cerami, “Ricerche Romanistiche e prospettive storico-comparatistiche”, in Annali Palermo, 43, 1995, p. 209 e ss.

G. M. Chiodi, Equità. La categoria regolativa del Diritto, Nápoles, Guida, 1989.

Ana Isabel Clemente Fernández, La Auctoritas Romana, Dikynson, S.L., Madrid, 2013, p. 22 e ss.

Helmur Coing, Geschichte…, p. 350 e ss.

Ignacio Cremades Ugarte e Reinhard Zimmermann, Europa y el Derecho Romano, Madrid, Marcial Pons, 2009.

Giulliano Crifò, “Romanistiche Attuale”, in Materialli di Storiografia Romanistica, G. Giappichelli Editore, Turim, 1998, p. 351-371.

Francisco Cuena Boy, Sistema Juridico y Derecho Romano. La idea de sistema jurídico y su proyectión en la experiencia jurídica romana, Universidad de Cantabria, 1998.

Francisco Cuena Boy, “Sobre el método de investigación en Derecho Romano”, in Anuário de la Faculdad de Derecho de Cáceres, 11, 1993, p. 392 e ss.

Mário Luiz Delgado, Codificação, Descodificação, Recodificação do Direito Civil Brasileiro, Editora Saraiva, 2011.

Esser, Principio y norma…, p. 58 e ss.

Maria José Falcón y Tella, La jurisprudência en los Derechos Romanos, Anglosajón y Continental, Madrid, Marcial Pons, 2010.

A. Falzea, Introduzione alle scienze giuridiche. Parte Prima. Il concetto del Diritto, Giuffrè, Milão, 1992.

A. Fernandez Barreiro, Presupuestos de una concepción jurisprudencial del derecho romano, Santiago de Compostela, 1976

M. R. Ferrarese, Le istituzioni della globalizzazione. Diritto e diritti nella socità transnazionale, Il Mulino, Bolonha, 2000.

M. R. Ferrarese, Il diritto al presente. Globalizzazione e tempo delle istituzioni, Il Mulino, Bolonha, 2002.

Garcia Garrido, Casuismo y Jurisprudencia romana…, p. 69 e ss.

Manuel Garcia-Pelayo, “La lucha por Roma (sobre las razones de um mito politico)”, in Los Mitos Políticos, Madrid, Alianza Editorial, 1981, p. 111 e ss.

F. Gény, Science et Technique en Droit Privé Positif, 4 volumes, Sirey, Paris, 1924.

Giaro, in Index, 22, 1994, p. 122-125.

Pinharanda Gomes, “António, Pensador da Justiça”, in Pensamento Português, Vol. IV, Lisboa, Edições do Tempo, 1979, p. 252 e ss.

Lucas Alvarenga Gontijo, Filosofia do Direito. Metodologia Jurídica, Teoria da Argumentação e Guinada Linguistico-pragmática, Arraes editores, Belo Horizonte, 2011.

Paolo Grossi, La Primera Lección de Derecho, Marcial Pons, trad, cast. de Clara Álvarez Alonso, Barcelona, 2006.

Paolo Grossi, “Lectio Doutoralis – A Identidade do Jurista, Hoje”, in Doutorado Honoris Causa a Paolo Grossi, UFPR 100 anos 1912-2012, Curitiba 30 de Agosto de 2011.

Paolo Grossi, Prima Lezione di Diritto, Roma-Bari, laterza, 2003.

Paolo Grossi, “Qué es el Derecho?”, in La Primera Lección de Derecho, Marcial Pons, trad, cast. de Clara Álvarez Alonso, Barcelona, 2006, p. 17 e ss.

Paolo Grossi, “Un diritto senza Stato (la nozione di autonomia come fundamento della costituzione giuridica mediavale)”, in Quaderni Fiorentini per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, XXV, 1996, p. 267 e ss.

Paolo Grossi, “Scienza giuridica e legislazione nella esperienza attuale del Diritto”, in Inaugurazione dell’Anno Accademico 1996-1997, Firenze, Università degli Studi di Firenze, 1996.

Giuseppe Grosso, Premesse generali al Corso di Diritto Romano, 4ª ed., 1960; e Il sistema romano dei contratti, 3ª ed., Turim, 1963.

Giuseppe Grosso, Problemi Generali del Diritto Atraverso il Diritto Romano, G. Giappichelli editore, Turim, 2ª ed. ampliada, 1966.

Antonio Guarino, L’ordinamento giuridico romano, Nápoles, 1990, p. 442 e ss.

Alejandro Gusmán Brito, Historia de la Interpretación de las normas en el Derecho Romano, 2ª ed. revista, México.

Juan Iglesias, “La construcción sistemática en general”, in Estudos, Madrid, 1985, p. 216 e ss.

Natalino Irti, La Edad de la Descodificación, trad. esp. De Luis Rojo Ajuria, José Maria Bosch editor S.A., Barcelona, 1992.

Max Kaser, En torno al método…, p. 39 e ss.

Erich Kaufmann, Die Gleichheit vor dem Gesetz, 1927.

Julius Hermann von Kirchmann, La jurisprudência no es ciência, trad. castelhana de Antonio Truyol Serra, 3ª edição, Madrid, 1983.

G. La Pira, “La genesi del sistema nella giurisprudenza romana, Il método”, in SDHI, 1935, p. 343 e ss.

K. Larenz, Storia del método nella scienza giuridica, trad. Ital., Milão, 1964.

Leibniz, Méditations sur la Notion Commune de Justice, 1693.

José Luis de Los Mozoz, Metodologia Y Ciencia en el derecho Privado Romano, Editoriales de Derecho Reunidas, Madrid, 1977.

Mário Reis Marques, Codificação e paradigmas da modernidade, Coimbra, 2003.

Mário Reis Marques, O Liberalismo e a Codificação do Direito Civil em Portugal. Subsídios para o Estudo da Implantação em Portugal do Direito Moderno, Coimbra, 1987.

Wilson Martins, História da Inteligência brasileira (1550-1960), 7 volumes, S. Paulo, Cultrix, 1976-1979.

Henrique da Silva Seixas Meireles, Marx e o Direito Civil (para a crítica histórica do “paradigma civilístico”), Coimbra, 1990.

António Menezes Cordeiro, “Introdução à Edição Portuguesa”, in Claus-Wilhelm Canaris, Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito, 5ª edição Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2012.

L. Mengoni, Diritto e Valori, Il Mulino, Bolonha, 1985.

J. Mette, Ius civile in artem redactum, Gottingen, 1954, p. 63 e ss.

Alain Minc, Carta Aberta aos Nossos Novos Senhores (2002), Gradiva, Lisboa, 2004, p. 101-117.

Alberto Montoro Ballesteros, “Notas sobre el imperialismo romano”, in Persona y Derecho, vol. 26,, 1992, p. 265 e ss.

Adriano Moreira et alli, Legado Político do Ocidente. O Homem e o Estado, Lisboa, 1995.

Gaston Morin, La Révolte du Droit contre le Code. La révision nécessaires des concepts juridiques (contrat, responsabilité, propriété), Paris, Sirey, 1945.

Dieter Norr, “Spruchregel und Generalisierung”, in ZSS 89, 1972, p. 71.

F. Ost e M. van de Kerchove, “De la pirâmide au réseau? Vers un nouveau mode de production du Droit?”, in Revue interdisciplinaire d’études juridiques, 44, 2000.

Javier Parício, Poder, Juristas e Proceso. Cuestiones jurídico-politicas de la Roma Clasica, Madrid, 2012.

Eduardo Vera-Cruz Pinto, Curso de Direito Romano, vol. I, Principia, 2009, p. 440 e ss.

Eduardo Vera-Cruz Pinto, História do Direito Comum da Humanidade, ius commune humanitatis ou lex mundi?, vol. I, tomo I, AAFDL, Lisboa, 2003.

A. Pizzorno, Il potere dei giudici. Stato democratico e controlo di virtù, Laterza, Roma-Bari, 1998.

G. Pugliese, “I pandetistti fra tradizione romanística e moderna scienza del diritto”, in RISG, 17, 1973.

G. Pugliese, Scritti giuridici scelti, III, Camerino, 1985.

Louis Rougier, O conflito entre o cristianismo primitivo e a civilização antiga, Lisboa, Veja, 1995.

A. Ruggeri, “Iterari di una ricerca sul sistema delle fonti, Giappichelli, Turim, 1992; AA. VV. Transformazione della funzione legislativa. II. Crisi della legge e sistema delle fonti, org. F. Modugno, Giuffrè, Milão, 2000.

Santi Romano, L’ordinamento giuridico, Firense, 2ª ed., 1946.

Aldo Schiavone, Studi sulle logiche dei giuristi romani, Nápoles, 1971, p. 43 e ss.

Aldo Schiavone, Nascita della giurisprudenza, Roma-Bari, 1977.

Aldo Schiavone, Historiografía e crítica del Derecho (Storiografia e critica del diritto. Per uma “archeologia” del diritto privato moderno, Bari, 1980), Editoriales de Derecho Reunidas, trad. esp., 1982.

Schulz, Principios…, p. 74 e ss.

Schulz, Storia della Giurisprudenza romana…, p. 8 e ss.

José Tavares, Os Princípios Fundamentais do Direito Civil, Vol. I, Primeira Parte, Teoria Geral do Direito Civil, 2ª edição, Coimbra, 1929.

Stamatios Tzitzis, “La naissance du Droit em Grèce”, in AA. VV. Instituições de Direito, coord. Paulo Ferreira da Cunha, Coimbra, Almedina, 1998).

L. Vacca, La giurisprudenza romana nel sistema delle fonti di Diritto Romano, Turim, 1989, p. 55 e ss.

Viehweg, Topica y jurisprudência…., p. 73 e ss.

Michel Villey, La formation de la pensée juridique moderne, nova ed., Paris, Montchrestien, 1975.

Michel Villey, Recherches sur la littérature didactique du Droit Romain, Paris, 1945.

W. Wadstein, Jean Gaudemet, “Tentatives de Systématisation du droit à Rome”, in Index, 15, 1987, p. 79 e ss.

Franz Wieacker, História do Direito Privado Moderno, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1980.

Franz Wieacker, História do Direito Privado Romano, …, p. 632 e ss.

Franz Wiaecker, Vom Romischen Recht, Estugarda, 1961.

W. Wilhelm, La metodologia jurídica en el siglo XIX, trad. esp., Madrid, 1980.

W. Wolodkiewicz, Les origines romaines de la systématique du droi civil contemporain, Roma, 1978.


Texto completo: PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

Rev. Fac. Dir. - ISSN: 0103-2496 (impresso) / 2317-2940 (eletrônico)

Rua Meton de Alencar, s/n - Centro - Fortaleza - CE 
CEP 60035-160 - Fone: +55 (85) 3366 7834

Bases de dados